O emakimono (絵巻物 – pintura-rolo), referido usualmente apenas como emaki, consiste em uma narrativa composta por imagens e textos ou somente imagens, sobre um rolo de papel ou seda de cerca de 30cm de altura por alguns metros de comprimento. Sua visualização se dá à medida que o objeto vai sendo desenrolado da direita para a esquerda, o sentido japonês de leitura.
Apesar de encontrar precursores chineses em textos e imagens criados para tornar acessíveis a todos os conteúdos complexos das escrituras budistas nos bianwen (變文- texto de transformação) e bianxiang (變相 – pintura de transformação) na Dinastia Tang (618-906), o termo emakimono designa especificamente essa produção cultural que floresce no Japão nos períodos Heian (794-1185) e Kamakura (1192-1333). Os temas abordados abarcavam desde histórias famosas e incidentes políticos a acontecimentos inexplicáveis e à criação de templos. Posteriormente, a arte do emakimono, enraizada na cultura japonesa, encontra sua renovação na obra de artistas como Sesshū (1420-1506), Tawaraya Sōtatsu (c.1570-c.1640), Yosa Buson (1716-1783) e Yokoyama Taikan (1868-1958).
O desenrolar do emaki, gesto através do qual vão se revelando os acontecimentos ali representados, descortina a dimensão temporal característica da pintura-rolo. Nessa forma artística, o escoar do tempo da narrativa ganha evidência.
Referências:
BRUSWELL, R., LOPEZ, D. (Org.). The Princeton dictionary of Buddhism. Princeton: Princeton University Press, 2014.
JOB, M.I. O tempo dos fantasmas de ‘As 53 estações da Yōkaidō’: Mizuki Shigeru e Aby Warburg. 2021. 180 p. Dissertação (Mestrado em Cultura Japonesa) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021.
SEIICHI, I. (Org.). Dictionnaire historique du Japon, vol. 2. Paris: Maisonneuve & Larose, 2002.
TSUJI, N. History of art in Japan. New York: Columbia University Press, 2019.