Bunjinga (文人画 – “letra pessoa pintura”) literalmente, refere pinturas realizadas por bunjin (文人 – poetas-pintores), uma categoria não profissional de amantes das letras – na maior parte clássicas – e da pintura diletante, em geral em retiros espirituais junto à natureza.

À arte kanga (漢画 – “pintura de Kan”), pintura de origem chinesa da dinastia Han introduzida no período Kamakura (1185-1333), soma-se a nanga (南画  – “pintura do sul”), pintura do sul da China das dinastias Ming e Ching, e o resultado fica conhecido no Japão como bunjinga (文人画 – “pintura-de-poetas-pintores”), revelando forte teor zen-budista. Caracteriza-se pelo uso da tinta sumi em geral sobre papel, tendo como motivos montanhas-e-águas, patriarcas e parábolas do Zen, dragões e deuses do vento e da chuva, pinturas de iluminação.

Gion Nakai (1677-1751), Yanagisawa Kien (1704-1758) e Sakai Hyakusen (1697-1753) são os mais proeminentes pioneiros do movimento que se desenvolve no século XVIII conhecido como nanga, ou bunjinga, cujos artistas principais são Ike-no Taiga (1723-1776), Tanomura Chikuden (1777-1835) e Nakabayashi Chikutō (1776-1853).

O âmbito de poetas-pintores (bunjin, no Japão; wenren, na China) não se restringe a suiboku-ga (水墨画 – pinturas com aguadas de tinta sumi) ao modo chinês, pois foram transformadas nas terras nipônicas com a adição de cores sutis, como o atestam as obras de Ike-no Taiga e Yosa Buson (1716-1783).

Referências:

HASHIMOTO CORDARO, Madalena Natsuko. Pintura e escritura do mundo flutuante: Hishikawa Moronobu e ukiyo-e Ihara Saikaku e ukiyo-zōshi. São Paulo: Hedra, 2002.

HASHIMOTO CORDARO, Madalena Natsuko. Ukiyo-e: pinturas do mundo flutuantes. São Paulo: IMS, 2008, 2 vols.

IIJIMA, Isamu. Bunjinga (Pintura de poetas-pintores). Revista de arte japonesa Nihon no bijutsu, vol. 4/66. Tokyo: Shibundō, 1976.

YOSHIZAWA, Chū; YAMAKAWA, Takeshi. Nanga to shaseiga (Nanga e a pintura de “vida-transferida”). In: Coleção Genshoku Nihon no bijutsu (Artes Fundamentais do Japão), vol. 18. Tokyo: Shōgakkan, 1969.