Geisha (芸者 – “pessoas de talentos artísticos”), em português grafadas normalmente “gueixas”, surgem tardiamente, somente no século XVIII, e eram no início homens, na área de prazeres Shimabara, em Kyoto. Com o tempo, o termo se utiliza também para as mulheres musicistas e dançarinas, onna geisha (女芸者 – “mulher de talentos artísticos”), até que estas passam a predominar.
Em Shimabara, as onna geisha são também chamadas geigi (芸妓). Em Yoshiwara, da cidade de Edo, geisha é termo utilizado como abreviação de onna geisha, tornando-se necessário chamar otoko geisha (男芸者) aos homens. Gei (芸) se refere a habilidades, técnicas artísticas, sha (者), se refere à pessoa que as executa: as gueixas têm como função primordial cantar, dançar e prestar assistência às yūjo (遊女 – “mulher entretenimento”), estas sim, artistas do amor propriamente dito.
As gueixas são livres para sair de Yoshiwara, ao contrário das yūjo. Pelo fato de não servirem obrigatoriamente no leito, eram também chamadas machi-geisha (町芸者 – “gueixa da cidade”), por não se agregarem às áreas de prazeres, sendo chamadas a servir em ocasiões festivas em sofisticados restaurantes às margens do rio Sumida, havendo uma tensão de sensualidade (bitai 媚態 – “sedução”) e de virtual possibilidade de relações, o que as torna ainda mais eivadas de iki (粋 – “charme vivaz”).
Contemporaneamente, o termo nomeia as mulheres que cantam, dançam e tocam shamisen em banquetes e festas, vestidas e maquiadas como no período Edo (1603-1868), uma forma de vida remanescente de um treinamento bem estrito do corpo e do repertório musical.
Referências:
LONGSTREET, Stephen & Ethel. Yoshiwara – the pleasure quarters of old Tokyo. Tokyo: Charles E. Tuttle Co. & Yen Books, 1988.
ONO, Tadao. Yūjo to kuruwa no zushi (Pinturas de yūjo e kuruwa). Tokyo: Tenbōsha, 1984.
SEIGLE, Cecilia Segawa. Yoshiwara – the glittering world of the Japanese courtesan. Honolulu: University of Hawai’i Press, 1993.
SWINTON, Elizabeth de Sabato (org.). The women of the pleasure quarter – Japanese paintings and prints of the floating world. New York: Worcester Art Museum, 1996.