O termo kata é bastante utilizado na sistematização de manifestações culturais de matriz japonesa, em que uma série de movimentos indica um kata. Os kata servem para a transmissão dessas artes, já que condensam diversos de seus movimentos básicos. Nas artes marciais modernas, por exemplo, saber executar um kata de maneira correta é a forma de avaliação de um praticante. Essa forma de organização se repete no , que possui 47 movimentos básicos, ou 47 kata – cada um com um nome, como: shikake, hiraki e shitome. Cada kata de indica uma série de movimentos. Durante a transmissão por kata não há conceituação, mas sim orientações não verbais e aprendizado por imitação. A imitação nada mais é que uma indicação do que se fazer sem a necessidade de explicações traduzidas em palavras. Kata é representado na língua japonesa por dois caracteres distintos, 型 e 形, que possuem uma pequena diferença de significado. O primeiro, 型, seria a forma, o tipo ou arquétipo, e o segundo, 形, a forma realizada, a aparência ou a manifestação fenomênica. Assim, kata diz respeito não somente à forma a ser imitada mas também quando ela é imitada. No japonês contemporâneo, kata também aparece como leitura do caractere 方, em especial seguido de verbos, indicando o “modo de fazer” (仕方 shikata). 

Referências:

AVERBUCH, Irit. Body-to-body transmission: the copying tradition of Kagura. In: COX, Rupert (org.). The culture of copying in Japan: critical and historical perspectives. London: Routledge, 2008, pp. 21–39.

CADOT, Yves. Kata. In: BONNIN, Philippe; NISHIDA, Masatsugu; INAGA, Shigemi. Vocabulaire de spatialité japonaise. Paris: CNRS, 2014, pp. 229–230. 

FUKUSHIRO, Luiz Fernando de Prince. Escritos sobre a estética além da arte: transmissão e experiência na cultura japonesa. Tese (doutorado)—Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, 2020. 

MATSUNOBU, Koji. Creativity of formulaic learning: pedagogy of imitation and repetition. In: SEFTON-GREEN, Julian; THOMSON, Pat; JONES, Ken; BRESLER, Liora (org.). The Routledge international handbook of creative learning. London: Routledge, 2011. pp. 45–53.

MATSUNOBU, Koji. Conforming the body, cultivating individuality: intercultural understandings of Japanese noh. In: BURNARD, Pamela; MACKINLAY, Elisabeth; POWELL, Kimberly (org.). The Routledge international handbook of intercultural arts research. London: Routledge, 2016. pp. 139–147.