A yūjo (“mulher entretenimento”) é a mestre de cerimônias nas artes da música, da dança, da caligrafia, do comportamento, do bem servir, da composição de poemas haiku, do arranjo floral e, principalmente, do shikidō (色道 – o “caminho-da-cor”, dos sentidos, da sedução).
No período Edo (1603-1868), as yūjo, prisioneiras do mundo à parte das áreas-de-prazeres, são personagens centrais da afirmação dos citadinos, seja no aspecto econômico – pela suntuosidade de suas residências e modos de vida -, seja no social – pela inversão de sua posição -, seja ainda no artístico – principalmente pela formalização do teatro kabuki e por uma produção crescente no campo editorial (incluindo-se a pintura e a escritura).
As jorō (女郎 – “mulher boa”) já são grafadas como yūjo no período Edo; no início do século XVII, muitas delas provêm de famílias de samurais arruinados ou de nobres derrotados em guerras, devendo-se, talvez, a essas origens e ao cultivo artístico da região de Kyoto-Osaka o refinamento de seus estabelecimentos.
A hierarquia, sistema que replica a organização do período burocrático do xogunato, também se reflete nas áreas de prazeres, e as mulheres profissionais dos entretenimentos também são rigidamente escalonadas, sendo a oiran (花魁 – “flor primeira”) em Kyoto e tayū (太夫 – “primeiro grau”) em Edo as mais altas categorias.
Referências:
LONGSTREET, Stephen & Ethel. Yoshiwara – the pleasure quarters of old Tokyo. Tokyo: Charles E. Tuttle Co. & Yen Books, 1988.
KOMATSU, Keibun. Iro no jiten (“Dicionário de erotismo”). Tokyo: Bungeisha, 2000.
ONO, Tadao. Yūjo to kuruwa no zushi (“Pinturas de yūjo e kuruwa”). Tokyo: Tenbōsha, 1984.
SEIGLE, Cecilia Segawa. Yoshiwara – the glittering world of the Japanese courtesan. Honolulu: University of Hawai’i Press, 1993.
SWINTON, Elizabeth de Sabato (org.). The women of the pleasure quarter – Japanese paintings and prints of the floating world. New York: Worcester Art Museum, 1996.