Irezumi (入れ墨) é um dos termos em japonês para a palavra tatuagem. Sua tradução significa “inserir sumi (墨)”, uma tinta à base de fuligem e aglutinante que pode apresentar diversas nuances de preto. Inicialmente irezumi referia-se às marcas feitas como forma de punição no Japão, no século XVII, onde criminosos eram tatuados com ideogramas ou barras em tons escuros. Ao longo do tempo, o vocábulo passou a incorporar outros tipos de tatuagem e, por vezes, um estilo tradicional do Japão. Há uma tendência onde a técnica moderna com máquina, com palavras e designs ocidentais, principalmente americanos, seja associada à palavra tattoo (タトゥー) enquanto a vertente de tradição japonesa – como de Horiyoshi III (1946-) – a termos japoneses como o irezumi. A tatuagem de tradição japonesa se tornou um estilo bem conhecido hoje e em várias partes do mundo, mas suas origens datam de um passado mais distante, o período Edo (1603 – 1867). Grande parte de sua iconografia foi inspirada na cultura visual da época – nos designs encontrados em quimonos, pinturas, objetos utilitários, na xilogravura ukiyo-e e se tornaram motivos que adornavam as peles de jogadores de azar, bombeiros, carregadores de palanquim entre outros. Acredita-se que a maioria dos elementos visuais e técnicos foram desenvolvidos nesse período, como o método de tatuar tebori (手彫り – “tatuagem à mão”), o uso de cores e os formatos que podem ser interligados e se estender em grandes áreas do corpo como uma veste. As temáticas podem variar entre animais, deuses, demônios, guerreiros, personagens da literatura sobrepostos a fundos inspirados em elementos da natureza que podem ser acompanhados de flores ou folhas da estação. Há outros termos recorrentes que designam à tatuagem em japonês como shisei (刺青). Nessa palavra encontram-se os ideogramas toge (刺 – perfurar) e ao (青 – azul ou verde), uma das nuances possíveis da tinta sumi conforme sua diluição ou seu desbotamento na pele. Acredita-se que a publicação da novela Shisei (1910) de Jun’ichirō Tanizaki (1886-1965) ajudou a popularizar o termo, mas tanto shisei quanto irezumi possuem o mesmo sentido para se referir à tatuagem em seu ato mais primordial e nos revelam um pouco de sua história.

Referências:

ASHCRAFT, Brian; BENNY, Hori. Japanese tattoos: history, culture, design. Vermont: Tuttle Publishing, 2016. 

KITAMURA, Takahiro. Tattoos of the floating world: ukiyo-e motifs in the Japanese tattoo. Amsterdam: Hotei Publishing, 2003. 

RICHIE, Donald; BURUMA, Ian. The Japanese tattoo. New York: Weatherhill, 1989.

TAKIGUTI, Karina Ayumi Ekami O percurso da tinta: uma análise sobre as tatuagens japonesas no Brasil. São Paulo, 2013. v.1. 126 f. Monografia. (Trabalho de Conclusão de Curso em História da Arte). Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo, 2013.

CHIGAI ALL GUIDE.「入れ墨」「刺青」「タトゥー」- 違いがわかる事典 (“‘Irezumi’ ‘Shisei’ ‘Tattoo’ – Diferenciação”).